Não tenho Twitter ponto Blogspot ponto com.: fevereiro 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lie

Quantas mentiras você já contou na vida?

Provavelmente muitas.
Quais foram os motivos que o levaram a mentir?
Diversos, talvez.
Valeu a pena?
Talvez você nem se lembre.

Às vezes não são necessariamente mentiras, mas omissões. Omissões são piores que mentiras, a meu ver. Ocultar a verdade por qualquer motivo o faz se sentir menos digno de você mesmo. Porque o momento de falar o que é certo passa e muitas vezes não volta.
Temos a mania de pensar que a verdade pode doer. Daí inventamos algo que não nos deixe tão tristes. Mas será isso certo? Amenizar uma dor com uma mentira?
Já ouvi tantas vezes:
"Não conta isso pra ele/ela senão ele/ela vai ficar muito triste. Inventa outra coisa pra dizer".
E se a verdade aparece e somos confrontados, dizemos:
"Eu não contei pra te proteger".

Bullshit. Por que se proteger da verdade?

A verdade nos faz bem. Por mais que não pareça. Por mais que nos faça sofrer.



Pensado por: Angela

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sobre a brevidade das idéias

Puxei o fio da cabeça (idéias) fora do lugar e do coração acinzentado para tecer algumas observações sobre a duração das idéias, mais especificamente, sua brevidade.

Li ontem uma notícia sobre a idade dos blogueiros desde a invenção deste espetacular espaço de exposição de idéias. No princípio a maioria deles era adolescente, hoje, os adolescentes migraram para as redes sociais em que prevalece a exposição de mensagens curtas, adequadas para quem postará de um celular ou para quem não quer perder tempo digitando textos longos.

"Perder tempo digitando textos longos", aí está uma afirmação com a qual não concordo. Escrever é captar uma idéia e desenvolvê-la primeiro em sua mente, depois transcrevê-la para o suporte de sua preferência. O passo final e mais importante é levar a sua idéia ao conhecimento de outras pessoas, que através da leitura da idéia inicial tecerão as suas próprias idéias. O diálogo entre as idéias pode não ocorrer no mesmo suporte, mas na cabeça do leitor com certeza acontecerá.

A cabeça fora do lugar me remete a este problema coletivo que precisamos enfrentar. Encontramos um espaço que nos dá voz para expor nossas idéias e confrontá-las com o mundo, mas preferimos abreviar a oportunidade. Substituímos a reflexão pelos anúncios fragmentados de idéias plagiadas, pela descrição de que estamos indo tomar um café na esquina.

Para exemplificar e alongar, pensemos na seguinte situação: brevemente, anuncio em uma rede social que estarei em uma passeata gay na terça feira. Convido a todos para estarem lá também. Onde está a idéia? Eu posso estar indo à passeata gay para jogar ovos, posso estar indo porque sou gay, porque sou simpatizante, porque vou trabalhar dirigindo um carro-palanque, etc. Quem vai entender? Só quem me conhecer muito bem. Reduzo o meu público e reduzo o alcance das minhas idéias sobre o assunto.

O problema de abreviar o espaço das idéias é que as idéias nunca são curtas, são sempre longas, precisam ser explicadas, reviradas, remexidas até que se façam entender. Em definitivo, estou com o Millôr Fernandes quando ele diz que não escreverá em dez palavras o que se pode escrever em cem.

-por: Ana Castle

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